“Amigo, não me mande mande mais Spams ! "

O tema deste texto poderá surpreender alguns pela simplicidade ou mesmo despertar aquela sensação comum quando nos damos conta de que deixamos de enxergar algo que estava bem debaixo do nariz. O protagonista desse post é um mal que está presente em nossa vida diária, e o transtorno que causa pode ser atribuído a sua inevitável – e por isso irritante – constância. Por mais que pareça difícil eliminá-lo, é preciso saber que a vitória, nesse caso, depende do empenho individual de cada um de nós, assim como da conscientização dos que estão a nossa volta. Em prol de minimizar seus efeitos nocivos – bem como auxiliar no combate desse que é o grande vilão de nossa era – hoje lanço a campanha “Amigo, não me mande mais spams!”. Tão difundida quanto o hábito de trocar e-mails é a constatação de que 80% das mensagens que chegam às caixas de entrada não foram enviadas por alguém que conhece o destinatário. O spam é indiscutivelmente uma praga da vida moderna, capaz de deixar as baratas no chinelo.

O termo se originou por alusão a uma espécie de bolo de carne enlatado, muito comum nos lares americanos, capaz de causar náusea em qualquer um que o consuma com assiduidade. Outro dia me surpreendeu o resultado de uma pesquisa, segundo a qual, o principal emprego de verbas publicitárias nos Estados Unidos é a mala direta.

Não tive acesso aos números referentes a eficácia do método, mas creio que, se a cada mil pessoas apenas uma se interessar pela mensagem enviada, o investimento já se justifica. Até porque mandar e-mails, pelo que eu saiba, não custa nada. O gasto aí provavelmente se deve aos gastos operacionais e a remuneração dos infelizes que conseguem os endereços.

Numa aterradora previsão, não tarda o momento em que os spams chegarão também aos celulares – as operadoras já iniciaram esse processo – e não me espantaria se daqui uns 15 anos o telegrama voltasse com força total. Para evitar que o e-mail se torne uma ferramenta inviável é preciso agir enquanto há tempo.

A campanha “Amigo, não me mande mais spams!” se destina principalmente aqueles indivíduos que indiretamente alimentam de informação os bancos de dados desses verdadeiros piratas da privacidade alheia, através do irresponsável costume de mandar gracinhas cibernéticas para todos os conhecidos. Aproveito o ensejo para registrar uma espécie de carta-aberta:

Amigo(a) / parente:

Desculpe se não houve coragem ou oportunidade para dizê-lo antes, o fato é que não quero mais receber seus e-mails. Mesmo que seja o vídeo do cachorrinho que fala, a bela e falsa mensagem do famoso poeta, o texto engenhoso construído com palavras de duplo sentido, a piada que faz alusão ao acontecimento da semana, a foto da celebridade em situação embaraçosa, seja o que for, não me mande, eu não quero receber. Mesmo que seja a coisa
mais incrível que você já leu ou assistiu, eu prefiro descobrir por mim mesmo.

O motivo pelo qual torno essa carta pública deve ser o mesmo pelo qual as pessoas preferem terminar namoros no palco de programas de auditório; acho que a exposição pública evita o constrangimento privado. Espero que você compreenda, não é nada pessoal.

atenciosamente,
Bruno Medina.

Bom, se você gostou do modelo acima, pode utilizá-lo, apenas tendo o cuidado de trocar o meu nome pelo seu. Caso queira continuar a receber e-mails com conteúdo “divertido”, instrua seus amigos a evitar aqueles enormes cabeçalhos utilizando o recurso da cópia oculta (mensagem que omite o nome dos destinatários).

É muito simples: basta colocar o seu próprio endereço no primeiro campo (to:) e os demais endereços no terceiro campo, onde se lê (Bcc:). Espalhe essa informação e seja mais um elo dessa corrente que pretende construir um mundo sem spam. Mas, por favor, tente fazer isso sem gerar um novo spam!

( Fonte : Reproduzo este post publicado por Bruno Medina, tecladista do ” Los Hermanos “, em seu blog na Globo ponto com )