Creche mantida por Irmãs de Maria perdeu doações na pandemia

A redução nos donativos está comprometendo as cestas básicas que as irmãs conseguiam entregar às crianças: o número caiu de 80 para 42 Creche mantida por Irmãs de Maria perdeu cerca de 50% das doações nestes tempos de pandemia devido à impossibilidade de realizar eventos externos. Com isso, as irmãs foram obrigadas a também reduzir pela metade as ajudas prestadas a famílias durante esse período.Trata-se da Creche Raio de Sol, que atende 228 crianças de 2 a 3 anos e 11 meses, em período integral, no bairro de Caetetuba, em Atibaia, SP. A creche pertence ao Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, uma comunidade de leigas consagradas fundada pelo pe. José Kentenich em 1º de outubro de 1926, na Alemanha.
O carisma das irmãs é ser presença viva de Maria na Igreja e no mundo, pois, para a congregação, o amor materno de Maria abre os corações para as graças redentoras que Jesus nos trouxe.
O trabalho assistencial da comunidade tem o nome jurídico de Instituto Novo Signo, ou seja, “novo sinal”, justamente em referência a Maria. Tal como ela percorreu apressada as montanhas da Terra Santa para ir em auxílio de sua prima Isabel, também as Irmãs de Maria de Schoenstatt querem se prestar a ser um meio para que Maria continue percorrendo as “montanhas” de tantas cidades do nosso tempo, a fim de ajudar as famílias a encontrarem Jesus e a serem transformadas por Ele.

O desafio do coronavírus
Logo no começo da pandemia de covid-19, a Creche Raio de Sol já viu surgir uma nova preocupação: manter o atendimento a 43 crianças que, até então, contavam com apadrinhamento para cobrir a sua permanência e assistência. Dentro da campanha de apadrinhamento existe o projeto “Jogos e Contos na Base do Saber“, criado pela creche e aprovado pelo Programa Nossas Crianças, da Fundação Abrinq, para o período 2019/2021. No mês de abril de 2020, uma parte do orçamento destinado às atividades pedagógicas foi liberada para cobrir custos de alimentação e higiene
das famílias atendidas. O projeto conseguiu atender assim 40 famílias, que receberam cestas básicas.
do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt.

No entanto, como a demanda de famílias necessitadas só crescia, as irmãs de Schoenstatt passaram a receber todos os dias ligações de pais que manifestavam as suas necessidades de ajuda para obter as cestas básicas, que não eram suficientes para todos.
Esta situação tem se prolongado devido à persistência da pandemia, que reduziu a quantidade de doações e, portanto, está obrigando as irmãs a reduzirem também o número de cestas básicas que é possível entregar às famílias.

Irmãs de Maria de Schoenstatt, Atibaia, SP
A creche é filantrópica e não cobra mensalidades. A prefeitura cobre os custos da maior parte da folha de pagamentos, enquanto a creche banca a manutenção, com o apoio da Campanha de Padrinhos/Madrinhas. Qualquer pessoa de boa de vontade pode assumir o compromisso de apadrinhar uma criança doando um valor mensal (a sugestão das Irmãs de Maria de Schoenstatt é de R$ 70,00 ao mês, por equivaler à metade do custo de uma cesta básica, mas qualquer valor é bem-vindo).

Para os interessados em ajudar, os dados bancários para donativos são:


Instituto Novo Signo
CNPJ 78.636.974/0009-00
Banco do Brasil
Agência 0415-4
Conta Corrente 40568-X


Desde novembro de 2020, também é possível realizar donativos através do Pix, a nova modalidade de transferências digitais liberada pelo Banco Central.

As Irmãs de Maria disponibilizam duas chaves Pix, sendo ambas baseadas nos CNPJs usados pela entidade:
Opção 1 de chave Pix: CNPJ 78.636.974.0009-00 (Banco do Brasil)
Opção 2 de chave Pix: CNPJ 78.636.974.0001-53 (Caixa Econômica Federal).


Uma pedagogia que ilumina histórias de vidas :

O carinho dedicado à creche por esses pais de família, moradores de uma região vulnerável da cidade, expressa a gratidão pelos resultados da Pedagogia de Schoenstatt aplicada à educação de seus filhos.
São cinco os elementos fundamentais dessa pedagogia :

Confiança: a criança sente que é amada e por isso pode confiar;

Vinculação: o vínculo entre educador e educando se dá pela mútua relação de confiança;

Aliança: é o intercâmbio de corações entre o educando e a Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt;

Movimento (ou Correntes de Vida): a educação não é estática, mas gera correntes de vida, motivando e se expandindo a novas aprendizagens;

Ideal: a criança enobrece à medida que o SER se torna mais importante que o TER.

A demanda de educação e a vulnerabilidade social do bairro impulsionam as Irmãs de Maria de Schoenstatt em sua missão de cuidar e educar crianças para que possam se desenvolver integralmente mediante uma formação humana integral e sólida.

Para mais informações sobre as Irmãs de Maria de Schoenstatt, o santuário de que elas tomam conta e as obras de caridade cristã e ação social que elas lideram, acesse o site santuariodeatibaia.org.br 

Podcasts contribuem com desenvolvimento do jornalismo nacional

O crescimento dessa tendência favorece a diversidade jornalística de contar histórias

O professor Carlos Eduardo Lins da Silva comenta sobre podcasts como produtos jornalísticos. O Brasil é considerado o segundo maior mercado de podcasts no mundo e, para o especialista, isso indica “uma grande oportunidade de o jornalismo nacional se desenvolver utilizando um veículo que é a cara do Brasil, já que somos um país com uma tradição de oralidade e de rádio muito grande”.

Desde notícias breves a reportagens aprofundadas, os podcasts jornalísticos representam a “diversidade de formas de contar histórias”. Os principais veículos brasileiros estão apostando nessa tendência e tendo uma grande receptividade por parte do público. O Jornal da USP também conta com uma grande variedade de podcasts, que podem ser conferidos no nosso site e nos principais agregadores.

Ouça a coluna Horizontes do Jornalismo

Fonte : Coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva que vai ao ar toda segunda-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

 

Por que acreditamos em fake news?

Como discernir o que é certo e errado nesse fluxo de informações tão diversificadas

O ritmo da vida no século XXI criou tempestades de informações que dominam nossos sentidos. Ouvimos com frequência que é impossível assimilar todas as informações que recebemos.

Mas é menos comum que alguém comente que baseamos nossos julgamentos em informações que não provêm de nenhuma fonte externa. Em outras palavras, nosso julgamento é influenciado pela maneira de agir e pensar de outras pessoas.

Pense em um cenário simples. Você está em um cinema lotado quando, de repente, o pânico se espalha entre as pessoas ao seu redor e elas se precipitam para a saída. Qual é sua reação? Você nota que as pessoas estão com medo de algo que lhe passou despercebido. Mas o medo delas é genuíno, por isso, você também corre para a saída.

É possível que tenha sido um alarme falso, mas é natural que a reação imediata seja de seguir as pessoas em pânico. Mas as tempestades de informações da era digital alteraram a forma como interagimos com as pessoas e o mundo que nos cerca. Agora, não somos mais tão confiantes em nossas percepções e os erros e as manipulações que permeiam o conjunto de informações que recebemos nos assustam.

Vincent F. Hendricks e Pelle G. Hansen, autores do livro Infostorms, sugeriram uma alternativa interessante para enfrentar com menos estresse o mundo virtual que nos bombardeia com informações diárias.

Em vez da angústia de viver em um mundo da pós-verdade dominado por forças irracionais, é preciso ter uma visão mais clara e menos emocional da dinâmica das informações divulgadas nos sites e nas redes sociais.

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Assim que alguém faz uma publicação em uma rede social, os que o compartilham podem ter dúvidas quanto à sua veracidade. Mas, em vez de pesquisar o assunto, as pessoas, em geral, recorrem a um método mais simples e rápido de perguntar a opinião de outros usuários da rede.

E, desse modo, as notícias falsas ou não se disseminam com base em trocas de informações sem fundamentos sólidos.

As críticas, comentários, cliques e curtidas movimentam as redes sociais e influenciam a opinião pública. Então, como discernir o que é certo e errado nesse fluxo de informações tão diversificadas?

No mundo real, uma notícia falsa pode ser desmentida com um argumento confiável e de consenso. Mas no mundo virtual a noção de verdade é mais fluida. No entanto, como sugerem Hendricks e Hansens, as tempestades de informações, assim como os eventos climáticos não são fenômenos estáticos.

Nas redes sociais, onde as publicações discutem temas diferentes, sem opiniões categóricas ou ideologias, os usuários pesquisam a autenticidade das fontes antes de absorverem as informações. Essa visão mais crítica permite a discussão livre de ideias em comunidades virtuais que, hoje, fazem parte indissolúvel de nosso cotidiano. ​​É uma aposta que Hendricks e Hansens fazem em seu livro.

Fonte:
BBC-Why we believe fake news
By Tom Chatfield

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A sobrevivência dos jornais impressos depende da manutenção de públicos diferenciados

É importante que as edições impressas atendam ao público mais velho além dos leitores mais jovens

As versões impressas dos jornais ainda são muito lidas por pessoas com mais idade. No Brasil os principais leitores de mídia impressa têm idade média de 60 anos. Para o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, as empresas jornalísticas precisam decidir se devem ou não olhar com mais cuidado para este público mais velho – mas sem deixar de lado o mais jovem. Ao mesmo tempo em que o público mais velho é mais fiel ao veículo impresso e mais adepto de textos mais longos e com maior profundidade, abrir mão do público mais jovem significaria o fim das versões impressas no longo prazo. “Não tenho dúvida que as versões digitais são cada vez mais importantes e deverão ter cada vez mais destaque e precedência sobre as versões impressas.”

Lins da Silva aponta como possível caminho a ser seguido a segmentação das edições para os vários públicos: cadernos para o público mais idoso e outros para o mais jovem. Segundo ele, o ideal seria até uma terceira segmentação, para as crianças, para ensiná-las a ler jornal impresso. No entanto, ele destaca que os custos para isso talvez não sejam compatíveis com a realidade financeira das empresas jornalísticas. “Decisões difíceis têm que ser tomadas por empresas jornalísticas porque os tempos são complicados para elas”, observa.

Ouça na íntegra a coluna Horizontes do Jornalismo.


Fonte : Izabel Leão –
Editoria de Carlos Eduardo Lins da Silva e Colunistas da Rádio USP

Horizontes do Jornalismo 
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar toda segunda-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção  do Jornal da USP e TV USP.

A supressão da liberdade na internet

Freedom House aponta que, pelo oitavo ano consecutivo, os governos estão cada vez mais controlando dados

O novo relatório da think tank Freedom House mostra um declínio nas liberdades on-line em todo o mundo. No Brasil, ocupamos a posição de número 34, usando as leis para realizar prisões de internautas que realizam conteúdos impróprios e lidando com as fake news.

Iconomia

A coluna Iconomia, com o professor Gilson Schwartz, vai ao ar toda segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

Por Sandra Capomaccio

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Papel do jornalista é denunciar crimes cometidos ao longo da história

Uma comparação entre o papel do jornalista e do historiador a partir da guerra na Síria

Recentemente, a professora Marília Fiorillo comentou sobre a guerra na Síria. “Desde 28 de abril, mais de 250 crianças, mulheres e homens sírios foram assassinados ou estão soterrados graças aos ataques aéreos da coalizão Assad-Rússia, e cerca de 270 mil pessoas ficaram sem-teto”, explica. Os dados são da Organização das Nações Unidas (ONU).

O destaque vai para o fato de que apenas 30% das pessoas que necessitam de ajuda humanitária naquela região estão conseguindo recebê-la. Para Marília, o fato de algumas regiões serem controladas por grupos terroristas não pode servir de pretexto para que o regime de Assad continue seus ataques nesses locais.

A professora também faz uma reflexão sobre a necessidade de se noticiar um acontecimento bárbaro, mesmo que se repita. “Não há notícia velha ou nova”, reforça. Para ela, o trabalho do jornalista se assemelha com o do historiador: não permitir que o esquecimento apague os crimes da história.

Ouça a íntegra da coluna Conflito e
Diálogo.

Publicado na Coluna “Conflito e Diálogo”, com a professora Marília Fiorillo, que vai ao ar toda sexta-feira às 10h50, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

Por Maria Paula Andrade

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Estudo aponta que jornalismo é profissão muito perigosa no Brasil

Relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão aponta que atuar na imprensa brasileira está entre as atividades mais perigosas

Relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), divulgado esta semana, apontou que atuar na imprensa brasileira está entre as atividades mais perigosas. Intimidações, ofensas, ameaças, perseguições, detenções, agressões, assédios de toda ordem e assassinatos estão entre os 114 episódios – ante 76 no ano anterior – denunciados na pesquisa que também demonstra o aumento do número de mortes de profissionais de imprensa – após dois anos de queda. Militantes de partidos e manifestantes estão entre os principais agressores em 2018.

Ainda segundo o estudo, as distintas formas de agressão estão relacionadas ao contexto político recente – marcado pela prisão do ex-presidente Lula, pela greve dos caminhoneiros e pelas manifestações políticas durante a campanha que elegeu Jair Bolsonaro.

Segundo a Abert, três radialistas – Jairo Sousa (de Bragança, no Pará), Jefferson Pureza (de Edealina, em Goiás) e Marlon Carvalho (em Riachão do Jacuípe, na Bahia – foram executados no exercício da profissão por divulgar denúncias e críticas a autoridades e políticos de suas regiões. Presidente da associação e vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo – recentemente chamado de “inimigo” pelo presidente Bolsonaro – destaca que o índice brasileiro preocupa: “Eles foram assassinados por exercerem o direito de livre opinião e livre cobertura nos seus veículos. O saldo de mortos em 2018 em todo mundo chegou a 86, inclusive em áreas de conflito”. Em 2017, a Abert contabilizou um assassinato. Na série histórica, 2015 foi o ano mais violento, com oito homicídios. Nos últimos 12 anos, o número chega a 38. Apenas dez crimes foram solucionados.

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As distintas formas de agressão estão relacionadas ao contexto
político recente (Foto: EBC)

O ranking dos países mais perigosos

Organismo que também se preocupa com a violência praticada contra a mídia, a Unesco lembra: “em muitos países, as publicações são censuradas, multadas, suspensas e fechadas, da mesma forma que jornalistas, redatores e editores são perseguidos, atacados, detidos e até assassinados.” Segundo dados do mais recente – embora já antigo – estudo da organização, de 2015, a França acabou entrando no triste ranking mundial da violência contra a imprensa por causa do massacre de doze funcionários, redatores e cartunistas do jornal Charlie Hebdo, que causou comoção mundial.

Assim, a lista começa com o Iraque (13 mortos e 60 foragidos por medo de represálias). Em segundo, aparece a Síria (10 mortos e um sem-número de profissionais feitos reféns ou presos). A França surge, de forma extemporânea, em terceiro (oito jornalistas mortos). Seguem o Iêmen, o Sudão do Sul, a Índia, o México, as Filipinas e Honduras.

Também na América Central, a Nicarágua é alvo de denúncia da Fundação Violeta Barrios de Chamorro. Ali, em 2018, segundo a entidade, foram deflagrados 420 atentados, ameaças e censuras – vitimando 260 jornalistas – perpetrados por forças simpatizantes ou subordinadas ao governo do presidente Daniel Ortega. Os casos mais emblemáticos foram o assassinato de Ángel Gahona (morto com um tiro na cabeça), além de 26 ofensas, 71 intimidações, 64 censuras, 62 ameaças, 77 agressões, 70 ataques e 33 casos de difamação promovidos por policiais e paramilitares da Frente Sandinista.

Mesmo fora do já caduco relatório da Unesco, a Venezuela está no segundo pior lugar no ranking mundial da liberdade de expressão da organização Freedom House. Cuba ocupa o primeiro posto. Embora – no papel – a Constituição do país proteja a liberdade de imprensa, ao Governo Maduro – na prática – é permitida a intimidação e censura a veículos e empresas – inclusive com a ameaça de não renovação de concessões de emissoras de rádio e TV – e toda sorte de constrangimentos a jornalistas.

Por Claudio Carneiro

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A interface digital ainda não consegue substituir o papel

A interface digital ainda não consegue substituir o papel

“O papel provoca atrito ao escrever, o que dá uma sensação tátil agradável”, afirma.

O dilema do papel é o tema abordado pelo professor Luli Radfahrer. Segundo ele, as pessoas mais velhas mantêm o hábito de imprimir em papel, porque o papel ainda possui características que a interface digital não consegue substituir. Uma delas é que o papel provoca atrito ao escrever, o que dá uma sensação tátil agradável, além de ser extenso, podendo ser dobrado, desdobrado e empilhado em folhas, uma ao lado da outra, fazendo-o muito maior do que cabe numa tela.

Radfahrer sugere que no futuro estaremos lendo e escrevendo em plástico e não em papel. “Embora o plástico seja derivado de petróleo, o plástico virgem é mais barato que o reciclado, ao contrário do alumínio. É muito fácil tirar petróleo e transformar em plástico virgem, por isso as pessoas ainda jogam fora”, observa.

Veja aqui na íntegra :

Radfahrer sugere que no futuro estaremos lendo e escrevendo em plástico e não em papel. “Embora o plástico seja derivado de petróleo, o plástico virgem é mais barato que o reciclado, ao contrário do alumínio. É muito fácil tirar petróleo e transformar em plástico virgem, por isso as pessoas ainda jogam fora”, observa.

Jornal da USP
Luli Radfahrer

Matéria escrita e publicada pela Redação do Jornal da USP

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Fake News : Informações falsas ganham as redes sociais e a internet

Na era da pós-verdade, verdade e ficção se dissolvem em uma perigosa influência na opinião pública

Informações falsas ganham as redes sociais e a internet
A internet e as redes sociais criaram oportunidades novas para as operações de informação

Não existe nada de novo nas discussões sobre notícias falsas ou campanhas de desinformação da Rússia. Em 1983, no auge da Guerra Fria, uma história extraordinária foi publicada no jornal Patriot, uma obscura publicação pró-soviética. O artigo dizia que o governo dos Estados Unidos havia criado o vírus da Aids como uma arma biológica e pretendia exportá-lo para outros países, sobretudo para os países em desenvolvimento, como uma forma de controlá-los. A história reapareceu em diversas publicações importantes em mais de 50 países.

No ano passado, logo após as revelações sobre a interferência russa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, mas antes da divulgação de seu impacto no Facebook, Twitter e no Google, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, declarou que havia criado unidades especiais no exército russo destinadas a fazer uma guerra de informação na mídia. Uma semana antes, o general Petr Pavel, presidente do Comitê Militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), revelou que um relatório sobre estupros de mulheres na Lituânia por soldados alemães fora inventado pela Rússia.

A internet e as redes sociais criaram oportunidades novas para as operações de informação (IO), que usam as mensagens como armas para influenciar usuários de redes sociais, que leem apenas notícias e opiniões que confirmam suas ideias, sem que haja possíveis controvérsias.

Segundo o Facebook, durante e depois das eleições presidenciais americanas em 2016, a Internet Research Agency, um site russo que divulga mensagens nas redes sociais, em grupos de discussão e sites de notícias foi responsável pela publicação de cerca de 120 páginas falsas e 80 mil postagens recebidas por 29 milhões de americanos. Por meio do compartilhamento de informações, o número chegou a quase 150 milhões de usuários da web, ou aproximadamente dois terços do eleitorado americano.

A guerra de informação não se limita à Rússia. Os radicais jihadistas usam a divulgação de informações falsas para recrutar novos combatentes. E, apesar do combate das redes sociais à divulgação de notícias falsas, as técnicas russas de manipulação da opinião pública se adaptam com facilidade ao novo ambiente digital. Segundo Rand Waltzman, um antigo gerente de projetos da Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) dos EUA, “quando os russos percebem que há pontos vulneráveis em suas técnicas de IO, logo iniciam uma nova guerra de informação”.

No futuro, o avanço da inteligência artificial dificultará ainda mais a distinção entre as informações falsas e verdadeiras divulgadas nos meios digitais. Os sites oficiais e as redes sociais ficarão mais vulneráveis à ação dos hackers e à exposição a conflitos. É preciso unir forças em um projeto comum para lutar contra a era pós-verdade em que a sociedade prefere os boatos aos fatos.

Fonte:
The Economist – Waging war with disinformation

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Fake News, a mentira em primeiro lugar

A disseminação de Fake News é um fato mundial relativamente novo e que vem se expandindo em preocupante progressão

A disseminação de Fake News é um fato mundial relativamente novo e que vem se expandindo em preocupante progressão. Por este motivo, países como Alemanha, Estados Unidos e França – e também o Brasil – começam a lidar com o problema.

Em nosso país, o Tribunal Superior Eleitoral criou um conselho consultivo especificamente projetado para combater a propagação de notícias falsas cujo objetivo é deformar candidaturas e reputações. Reunido esta semana em Brasília, o conselho decidiu procurar os gigantes da área como o Facebook, o Google e o Twitter para buscar mecanismos que ao menos freiem a difusão de conteúdo falso, que ocorre – é bom que se diga – não somente online, mas também nas mídias convencionais. Segundo o secretário geral do tribunal, Luciano Felício, “o foco não é a punição, mas a prevenção”.

Não é que a imprensa brasileira seja especializada na criação de mentiras de forma maldosa e deliberada. O fato é que praticamente todos os partidos postam fakes nas redes sociais com “verdades” denuncistas contra eventuais e possíveis candidatos ou nomes emergentes. É a fogueira do prestígio de quem quer que seja. Ocorre também que alguns coleguinhas da capital federal são tentados a produzir textos baseados nas declarações de fontes palacianas. E palácios não faltam “no planalto central do país”. E, na capital do país, citações e declarações de fontes – grosso modo – não requerem apuração.

Já na Rússia, a coisa é mais séria no regime de Vladimir Putin. Os sites RT e Sputnik, comandados pelo Kremlin, dedicam-se quase que exclusivamente a espalhar falsidades sobre autoridades de estado antagônicas a Moscou. O presidente francês, Emmanuel Macron, por exemplo, é a bola da vez. E não há órgãos que controlem o ímpeto da imprensa marrom comandada por Putin. Mas a União Europeia estuda o assunto com seriedade.

A “barriga” dos jornalistas brasileiros

No Brasil, o jargão jornalístico “barriga” é usado quando uma notícia falsa é divulgada quase sem querer – sem a devida apuração. Ocorre, por exemplo, quando um veículo de comunicação quer divulgar o número de vítimas de um grave acidente e projeta para cima o número de mortos. Tempos depois, acaba sendo obrigado a ressuscitar alguns deles.

Recentemente a senadora Gleisi Hoffmann produziu com espalhafato – intencionalmente ou não – uma fake news ao divulgar no twitter que a torcida do Bayern de Munique homenageara o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva em uma faixa com os dizeres “Forza Lula” em função do julgamento a que será submetido no dia 24 deste mês. Na verdade, os dizeres eram “Forza Luca”, um torcedor italiano ferido em confusão entre as torcidas de dois times italianos. Ainda assim, Gleisi não se deu por vencida e atacou os veículos de comunicação brasileiros que notaram o erro. Até que Augusto Nunes, de Veja, foi escalado para espinafrar a presidente do Partido dos Trabalhadores.

O Picasso Falso do INSS

O documentário “Mercado de Notícias”, de Jorge Furtado, aborda o papel e a responsabilidade da imprensa com os fatos e, principalmente, com as mentiras. O filme destaca matéria veiculada pela Folha de S. Paulo em 2004 dando conta que um quadro de Picasso, “Mulher em Branco”, era uma das preciosidades do patrimônio de um escritório do INSS e passava os dias debaixo das luzes florescentes em meio à papelada da repartição. A notícia exclusiva foi publicada em vários jornais e sites – como o Estadão, Isto É, El Siglo, High BeaBeam – serviço de busca que publica matérias de publicações e jornais em todo o mundo – só para citar alguns. Dois anos depois, tal obra volta à mesmíssima primeira página da Folha. O prédio do INSS pegou fogo e teve gente que arriscou a própria vida para salvar o Picasso.

Soube-se depois que tal obra era mera reprodução – que pode ser comprada por dez dólares na lojinha do Guggenheim, onde o original está exposto. Os veículos que embarcaram na canoa furada da notícia falsa jamais reconheceram o erro. Pior, nenhum jornalista correu atrás para saber quem deu o Picasso falso como pagamento de dívida com o INSS.

Por Claudio Carneiro